ESPÍRITA DIZ : JESUS CRISTO NÃO É DEUS!

Autor: Fabiano Armellini
Fonte: www. montfort.org.br


Nome: Paulo
Enviada em: 18/01/2004
Local: Juiz de Fora - MG,
Religião: Espírita
Idade: 45 anos
Escolaridade: Superior incompleto


Gostaria, apenas de fazer um esclarecimento com relação ao e-mail enviado pelo sr. Rodrigo, em que ele diz que "o espírita admite, que Jesus seja um espírito de luz ainda em purificação". Essa afirmação dele mostra o quanto ele e tanto outros estão equivocados com relação ao Espiritismo; falam daquilo que não conhecem e aí acabam falando besteiras. Porque na verdade, Jesus, para a doutrina espírita, é o maior e mais puro espírito que já veio a este mundo e portanto não precisava se purificar. Ele, veio, sim aqui neste mundo de pessoas ignorantes e intolerantes, cumprir uma missão específica para que essa humanidade possa se tornar menos intolerante e ignorante e possa se aproximar mais de Deus, seu Pai e nosso Pai.

E o citado senhor diz ainda que "negar a ressureição de Jesus é negar a sua divindade". Em primeiro lugar, o espiritismo não nega a ressureição de Jesus, pois na verdade, ele ressurgiu, mas ressurgiu p/o mundo espiritual, para junto de Deus,onde já estava antes de vir a este mundo. Agora, quanto à sua divindade, pergunto-me: o que tem a ver a sua ressureição com a questão da divindade? Para mim, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Se ele morreu e depois reapareceu aos discípulos,é porque era um ser humano e não Deus. Se ele é divino, nós também podemos manifestar a centelha divina que está em todos nós, ou seja, não é que ele, Jesus, seja o próprio Deus, mas a criatura que mais manifestou a presença de Deus aqui na terra, sendo ao ponto de ser confundido ao longo do tempo com o próprio.

E gostaria também de fazer uma pequena correção, quando ele cita aquela frase de que "Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé", atribuindo- a a Santo Agostinho, quando na verdade a frase é de São Paulo dirigida aos coríntios.

Saudações.


RESPOSTA

Prezado Paulo, Salve Maria Santíssima.

Ainda que a doutrina espírita diga que Cristo não precise de purificação, ela erra ao negar que Cristo seja Deus.

Isso vai contra o que se lê na Sagrada Escritura, que afirma em diversas passagens que Cristo é Deus. Se Cristo não fosse Deus, por que diria "eu e o Pai somos um" (Jo X, 30) e que "o Pai está em mim, e eu no Pai" (Jo X, 39)? Por que ele não negou quando os judeus, pegando em pedras para atirar-Lhe, O acusaram dizendo: "tu, sendo homem, te fazes Deus" (Jo X, 32)? Se Cristo não fosse Deus, por que então teria-se permitido que os reis magos O adorassem no presépio (Mt II, 11)? E, se Cristo não fosse Deus, por que Ele não repreenderia a São Tomé por lhe dizer "Senhor meu e Deus meu" (Jo XX, 28)?

Ao considerar que Cristo seja apenas um espírito, ainda que puro, é admitir que Ele já foi um dia um espírito impuro. E não me diga que estou sendo precipitado em meu raciocínio, pois é o próprio Kardec quem diz que "Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes" (Kardec, Livro dos Espíritos, Instituto de Disfusão Espírita, 79a. edição, 1993, q.115, p.83) e que "Deus, em sua justiça, não pode ter criado almas mais ou menos perfeitas" (Kardec, op. cit., q.222, p.127). Se Deus cria todas os espíritos iguais, e Cristo é apenas um espírito (ainda que puro), disso decorre que Cristo um dia não foi puro, e que, portanto, não é Deus. Por isso se ensina (erroneamente) nos centros espíritas que Cristo não seja Deus, mas apenas um espírito puro.

Veja agora, prezado Paulo, o que Cristo diz aos Judeus: "Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão fosse feito, eu sou" (Jo VIII, 58). Note a concordância verbal. Você acha que Cristo errou a conjugação do verbo? Pois o normal seria Ele dizer: "antes que Abraão fosse feito, eu era", ou então "eu fui"... por que Ele usa o verbo no presente? Ele disse isso porque estava se dizendo Deus. E os Judeus compreenderam bem o que Ele quis dizer, e por isso "pegaram em pedras para lhe atirarem" (Jo VIII, 59), porque dizendo eu sou Ele se dizia Deus imutável, da mesma forma que Deus disse a Moisés: "Eu sou aquele que é" (Ex III, 14), isto é, aquele que não muda, aquele que é eterno.

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E haveria tantas outras passagens bíblicas para lhe provar que Cristo é Deus... mas creio que já basta.

Prosseguindo a leitura de sua carta, você pergunta:
> "Agora, quanto à sua divindade, pergunto-me: o que tem a ver a sua ressureição com a questão da divindade? Para mim, não tem nada a ver uma coisa com a outra".

Estranho que a resposta para este pergunta se encontra em sua própria carta: "se Cristo não ressuscitou é, pois, vã a nossa fé" (I Cor XV, 13). E se você tivesse prosseguido na leitura desta epístola de São Paulo, teria lido o porquê dele afirmar isso: "E se Cristo não ressuscitou, é, pois, vã a nossa pregação, e também vã a nossa fé; e somos assim considerados falsas testemunhas de Deus" (vv. 14-15).

E mais adiante: "E se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé, porque ainda permaneceis nos vossos pecados" (v. 17).

Eis aí o que tem a ver a ressurreição com a questão da divindade: se Cristo não ressuscitou, quer dizer que não venceu a morte, e portanto, não venceu o pecado e não nos redimiu. Se Cristo não ressuscitou, então a pregação dos apóstolos é falsa, e a Bíblia uma mentira. Se Cristo não ressuscitou, não pode ser Deus. Crer que Cristo morreu é fácil. Até aqueles que o mataram crêem nisso. Mas crer que Ele ressuscitou é crer que Ele venceu a morte por Suas próprias forças e que, portanto, é Deus.

Espero ter sido claro em minha exposição.

Para terminar, gostaria de comentar alguns argumentos de sua carta.

Primeiro, dizer que "o espiritismo não nega a ressureição de Jesus, pois na verdade, ele ressurgiu, mas ressurgiu p/o mundo espiritual" é negar, de fato, que Cristo tenha ressuscitado. Cristo ressuscitou em carne e osso, pois assim nos ensinam os Evangelhos. Nosso Senhor quis até comer com os Apóstolos e permitiu que São Tomé tocasse em suas chagas, para mostrar que Ele havia de fato ressuscitado.

E por fim, queria agradecer-lhe às seguintes palavras: "Se ele [Jesus] é divino, nós também podemos manifestar a centelha divina que está em todos nós, ou seja, não é que ele, Jesus, seja o próprio Deus, mas a criatura que mais manifestou a presença de Deus aqui na terra", pois elas nos provam como a gnose está presente nos centros espíritas e nas pessoas que os freqüentam.

In Corde Iesu et Mariae,
Fabiano Armellini.